quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Solstício de Inverno

Sentado ao sol, a tua espera, tomando a bica,
Sei que sou feliz.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014



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"Todas as coisas são impressionantes
Enquanto houver no mundo sangue e rosas
Há de haver sempre certos bons instantes
Em que se passem cousas sem ser cousas"

Álvaro de Campos

Mas tu amor, és uma tulipa, não uma rosa.
Mais bela do que as outras e no entanto
Nunca pelo teu doce corpo
Encontrei por uma vez sequer,
Vestigios de espinhos.

sábado, 13 de dezembro de 2014




" ... o Papalagui pensa tanto,  que o acto de pensar se tornou um hábito,  uma necessidade,  e até mesmo uma coacção.  Vê-se obrigado a pensar continuamente.  Só muito a custo consegue não fazê-lo e deixar viver todas as partes do seu corpo ao mesmo tempo. Na maior parte do tempo vive apenas com a cabeça,  enquanto os sentidos dormem um profundo sono. Muito embora isso o não impeça de andar normalmente, de falar, de comer e de rir, permanece fechado na prisão dos seus pensamentos.  Quando brilha um belo sol,  logo ele pensa: 《Que belo sol que está agora! 》E continua a pensar,  sempre a pensar: 《Mas que belo sol!》Ora isso é falso, absolutamente falso, é uma aberração,  pois quando o sol brilha, vale mais não pensar em nada. Qualquer Samoano sensato irá estender e aquecer o seu corpo ao sol,  sem mais reflexões.  E goza do sol não só com a cabeça,  mas também com as mãos,  com os pés,  com as coxas, com o ventre, em resumo, com o corpo todo. Deixa a sua pele e os seus membros pensarem por si próprios, e eles pensam à sua maneira, por certo diferente da da cabeça. Os pensamentos barram amiúde o caminho do Papalagui, como um bloco de lava impossível de deslocar. Se pensa em coisas alegres, não sorri; se pensa em coisas tristes, não chora."

in "O PAPALAGUI, discursos de tuiavii chefe de tribo de tiavéa nos mares do sul", 1920