quarta-feira, 28 de maio de 2014

População e energia


Retirado de "Breve História da População Mundial" de Massimo Livi Bacci:

"A abundância da comida disponível depende da ecologia da área, [...] a produção de biomassa vegetal (produtividade primária) por unidade de superfície é uma função da pluviosidade, e a produção de biomassa animal (de herbívoros e carnívoros - produtividade secundária) é, por seu turno função da biomassa vegetal, de modo que a pluviosidade é o factor principal que limita, ao mesmo tempo, os recursos disponíveis para os caçadores e recolectores e o seu crescimento numérico.

[...]

O progresso das técnicas de cultivo, desde o corte e queima até à rotação trienal (que têm coexistido em diferentes culturas até aos nossos dias); a selecção de sementes cada vez melhores; a domesticação de novas plantas e animais;  e a utilização da energia dos animais, do ar e da água - tudo isto aumentou a disponibilidade de alimento e energia. Como resultado a densidade populacional também aumentou: a dos principais países europeus (França, Itália, Alemanha, Países Baixos), em meados do século XVIII, era de 40-60 pessoas por quilómetro quadrado, 100 vezes mais do que a dos caçadores-recolectores. [...] o sucesso do domínio do ambiente esteve sempre dependente da disponibilidade de energia.

[...]

A síntese desta história complexa foi bem elaborada por Earl Cook: o homem caçador e recolector precisava de 5000 calorias diárias, num contexto agrícola não se ultrapassava as 12 000 calorias e antes da Revolução Industrial nenhuma sociedade, por mais desenvolvida e organizada que fosse, teria disponibilidades superiores às 26 000 per capita. Nas primeiras fases da Revolução Industrial, a disponibilidade energética -  sobretudo, combustíveis fósseis - rondaria as 70 000 calorias, até ultrapassar as 200 000 nalgumas sociedades avançadas actuais."

Nota: consumo de energia primária em Portugal (2004) = 68 535 calorias diárias per capita.
          fonte: http://ec.europa.eu/energy/energy_policy/doc/factsheets/country/pt/mix_pt_pt.pdf

domingo, 25 de maio de 2014

Crescimento económico e parentalidade



Retirado de "Breve História da População Mundial" de Massimo Livi Bacci:

"[...]
Deixando de lado qualquer tentativa de determinar a relação causal entre população e economia, podemos, contudo, discutir alguns factores ligados ao crescimento demográfico que podem ter acelerado o desenvolvimento, em vez de o abrandar, ou, por outras palavras, proporcionado proveitos crescentes para cada indivíduo adicional.

[...]
Os  factores puramente demográficos são as alterações associadas à transição demográfica [...]. A sua influência é considerada positiva por uma série de razões.

Em primeiro lugar o declínio da mortalidade e a reduzida frequência de doença não só aumentou a longevidade como também a eficiência da população. Em segundo lugar, o facto de a mortalidade ter começado a seguir uma ordem mais hierárquica e cronologica eliminou em grande parte o risco de morte prematura e permitiu o planeamento a mais longo prazo, o que certamente favoreceu o desenvolvimento. Em terceiro lugar, o declínio da natalidade - anteriormente acompanhada de elevada mortalidade infantil - reduziu a quantidade de energia e recursos dedicados à criação dos filhos e, deste modo, permitiu que estes recursos (particularmente na forma de emprego das mulheres) fossem utilizados em atividades mais directamente produtivas. E por último, até pelo menos meados do século XX, a estrutura etária estava a alterar-se no sentido de favorecer as idades mais produtivas, melhorando o rácio entre os sectores produtivo e dependente da população."



:)







Motacilla cinerea


delight


segunda-feira, 19 de maio de 2014


"Diseases of the nerves are essentially disorders of sympathy."
Michel Foucault







madressilva