sábado, 21 de março de 2015

Akshardham



Hoje o dia foi diferente. Fui ao templo hindu de Akshardham. Primeira surpresa, não era permitido entrar com qualquer câmara, telemóvel ou mesmo com livros. Deixei tudo o que levava na entrada. Deram-me uma senha, para levantar a saída o que deixei e lá fui eu. Na verdade, sem qualquer acessório, toda a nossa atenção fica dirigida para o complexo templo e para a mensagem que se pertende transmitir.

O espaço é gigantesco, o templo em si é ricamente ornamentado. Segunda surpresa, o espaço foi edificado em 5 anos com a ajuda de 7000 artesãos e 3000 voluntários desta seita hinduista. Ficou pronto em 2005 e é feito apenas em pedra, sem ferro estrutural. Perguntei-me porque leva a Sagrada Família em Barcelona tanto tempo a completar, tendo sido iniciada em 1882.

Lá dentro tudo se paga. A comida, as visitas ás exibições, as fotos de recordação, os panfletos ou brochuras sobre o templo. Grátis apenas duas coisas, a visita ao centro do templo em si, sendo necessário tirar os sapatos, e a água potável, o que por aqui não é de desprezar.

Depois lá aprendi o básico sobre a seita. Os crentes pelos últimos números serão por volta dos 10 milhões. Legalmente estão constituídos como uma fundação, a BAPS, criada em 1907, e são dirigidos por um guru espiritual, correntemente o quinto da linhagem desde o ínicio da seita, chamado Pramukh Swami Maharaj.

O seu primeiro guru é a figura central de adoração do templo e da seita. Uma criança-prodígio, Sahajanand Swami que viveu entre 1781 e 1830 d.C. e que aos onze anos, tendo sido instruído, já dominava os Vedas, Upanishads, Bhagvad Gita, Dharmashastras e Puranas. Depois decidiu abandonar a casa onde vivia e vagueou por toda a Índia.

Tudo dentro do templo serve para demonstrar que esta criança é a última encarnação de Deus na terra. Durante a sua vida, ajudou os outros, fez milagres, conduziu devotos à iluminação, e liderou a proliferação da seita por ele criada, inaugurando 6 templos. Segundo as suas crenças, opôs-se ao consumo de álcool, proibiu o consumo de carne ou peixe, opôs-se a existência de castas na Índia, e ao facto da última casta não poder ser tocada. Lutou ainda pelos direitos das mulheres.

Deixou escrito como legado um texto religioso, chamado Shikshapatri, entregando pessoalmente um exemplar ao governo britânico. Esse manusctrito encontra-se actualmente na Universidade de Oxford. É constituido por duzentos e doze versos, escritos em sânscrito, e serve como texto base da seita, para atingir uma espiritualidade mais elevada.

A BAPS, tem actualmente 55 000 voluntários. No ocidente a seita tem templos em Londres, Chicago, Houston, Atlanta e Toronto. Este templo em Nova Deli, em particular, entrou para o livro de recordes do Guiness em 2007 como sendo o maior templo hindu do mundo.

Não me escapou, no entanto, que as situações de pobreza mais extrema, mesmo para os padrões de Nova Deli, conviviam paredes meias com os muros do próprio templo. Inevitável?

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