domingo, 3 de dezembro de 2017

Olha pra mim
Deixa voar os sonhos
Deixa acalmar a tormenta
Senta-te um pouco aí

Olha pra mim
Fica no meu abrigo
Dorme no meu abraço
E conta comigo
Que eu estarei aqui

Enquanto anoitece,
Enquanto escurece
E os brilhos do mundo
Cintilam em nós
Enquanto tu sentes
Que se quebrou tudo
Eu estarei
Sempre que te sentires só

Olha pra mim
Hoje não há batalhas
Hoje não há tristeza
Deixa sair o sol

Olha pra mim
Fica no meu abrigo
Perde-te nos teus sonhos
E conta comigo

Eu estarei sempre
Que te sentires só


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Morning Person

Ora bem, também eu tenho uma cria. E já agora, um blog!

A minha Sofia ainda não fala, desata num berreiro quando a estamos a vestir, não há fralda que lhe sirva, tem aversão ao biberão, gosta de colo e de sentir acompanhada. A pediatra diz que é mimada e a enfermeira diz que tem manhas.

A minha Sofia tem 4 meses. E talvez não seja tola. Não nasceu como eu idealizei, mas sim como melhor lhe conveio. As rotinas… São as delas. Mama quando quer, dorme quando tem sono. Claro que também ouve música clássica. E jazz. Mas não há nada como um bom folclore. E quando consigo tomar banho em tempo útil, até a levo a passear.

A minha Sofia puxa-me os cabelos, dá cabo das minhas costas e dos meus pulsos. E eu… Adoro-a.

Ontem, a Sofia despediu o sono durante o horário laboral. Hoje, reconsiderou e readmitiu-o. Sorri muito, brinca muito e eu sei que está bem. 

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Dias de Grávida
[abstract]

A minha gravidez (da Sofia) foi muito preenchida. Quando dei por ela, já estava a acabar.

Estava a estudar e a trabalhar – na verdade, nem fazia uma coisa nem outra – mas andava a correr de um lado para o outro.

Tínhamos de mudar de casa. Foram cerca de 3 meses à procura, mais o tempo dedicado aos bancos, escritura e demais processos burocráticos, nem sempre céleres. Cerca de um mês para a venda da casa do Hugo, com aquelas visitas chatas e novamente, todo o processo legal associado à venda.
Seguiu-se a mudança, algures em abril, creio eu. Nisto, com 7 ou 8 meses, ganhei hemorróidas talvez devido ao esforço.

Trabalhei até dia 28. Só fiz a mala da maternidade mesmo nos últimos dias.

Pelo meio, organizámos um bonito casamento e percorremos os mais controversos caminhos da obstetrícia que levam (ou que inibem) ao parto natural.  

No dia 30, já a lua repousava no céu envolta de estrelas, nasceu a Sofia, de cesariana
το 'Αλφα και το Ωμέγα

No meio do verão, no CDOS do Porto, 
Fogos e pesadelos. 
No inicio do verão, de bebé ao colo, 
Sonhos maiores, preocupações.
Está o Pedrogão a arder, gentes a morrer.

Onde está a nossa floresta, Sofia?

Não sei onde reside a culpa, se é que há culpados.

Vivemos num país mediterrânico
E os eucaliptos vão ganhando espaço.
E agora?
Faltam guardas florestais,
Faltam rebanhos,
Bombeiros então nem se fala…
Falta o bom senso, talvez.   
Falta escutar, mais do que ouvir,
Falta pensar.

Na floresta e nas pessoas.



Para vocês, Um amor para a vida toda

quarta-feira, 8 de março de 2017

Anna e a montanha

A noite estava fria. Era fevereiro e o sol de inverno só a espaços ia aquecendo a massa fria de ar, arrastada do mar para as colinas da maior montanha do mundo. Na maior parte, os dias eram chuvosos. Uma chuva miúda ia-se acumulando nos ramos despidos das árvores e descia até aos seus vértices formando pequenas gotículas de prata.

Mas hoje não. O céu tinha-se aberto repentinamente pela manhã, como se uma inteligência superior o tivesse ordenado e assim perdurara até agora. Nas margens do rio, sob o luar, Anna repousava por um momento. O dia tinha sido agitado, na verdade toda a semana. “Hei-de conseguir!” pensava ela conseguindo refletir por um segundo.

A colina da maior montanha do mundo permanecia silenciosa à sua frente, escura, inamovível, gigante, não conseguindo tapar completamente o firmamento.

Anna olhou diretamente para o topo. O céu estava nítido, a atmosfera seca permitia ver claramente as constelações de maior brilho. A restantes estrelas eram suficientes para delimitar os contornos do enorme maciço à sua frente.

O seu dilema era interior. Pela primeira desde que se lembrava de si mesma, via-se perante o desconhecido e incontornável fluir da vida. “Faltam ainda 3 meses, tenho tempo para me preparar”, dizia para si mesma. Para se convencer que tudo estava bem. Era como se a montanha à sua frente estivesse também dentro de si. Aquele obstáculo parecia-lhe adequado, “Sim, vou preparar-me. Não me vencerás.”


Rapidamente, Anna voltou a cerrar as abas do casaco de lã que levava posto. Encheu de água a vasilha de barro que a trouxera até ali, junto ao rio. Depois voltou-se e entrou rapidamente dentro de casa.